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Sobre o céu azul

Ao acordar ela desceu as escadas correndo, abriu todas as janelas, deixou que o sol entrasse pela casa, se esticou na janela e ficou ali, a contemplar o céu azul. Mesmo com tanto cansaço, tantas dores vindas dos últimos dias, tanta coisa pra sofrer, tanto motivo pra desabar e chorar, ela ficou ali, quieta, por um ou dois minutos e começou a sorrir. Lembrou da  primeira vez que seus olhos encontraram com os dele, tocava alguma coisa que ela se esforçava, mas não conseguia lembrar, sorriu frouxo por isso, lembrou de como era gostosa a sensação que sentiu naquele mesmo dia quando foi dormir, dormindo abraçada na própria camisa, porque tinha o cheiro dele, agora tudo não passa de memórias. Boas memórias, que aquecem o coração quando não se espera mais sentir isso, mas é só uma emoção fraca, frágil, boba, contida. Por mais estranho que seja agora ela não se sente mais infeliz de ver como a sua vida mudou, ela se sente forte e confiante o bastante pra sorrir mostrando todos os dentes, ela se sente uma pessoa especial e importante, não deixou de sonhar, pelo contrário, voltou a usar o lápis preto nos olhos pra marcar seu olhar escondendo tudo de frágil que no amor um dia existiu, voltou a acreditar no bem acima de todas as coisas, nas suas músicas, na sua vida, na sua arte. Voltou a acreditar em alguém que ela tinha esquecido. Ela mesma. Voltou a planejar a sua vida, a construir novas pontes, conhecer gente nova, abraçar gente antiga, esquecer gente doída.

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