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65 volts.

É assim, foi assim, quando deu por si já estava ali, no fundo da sua vida, num lugar que nunca pensou que pudesse estar, no canto mais escuro, onde você implora por atenção, luta por um carinho que se não veio sozinho não vai vir com seu pedido, ela já devia saber, por mais que quisesse isso definitivamente não foi feito pra dois, não existe nada que ela possa fazer quanto a isso. Ela tenta com todas as forças se achar no tempo, procurar o momento onde todas as coisas se perderam, mudaram de lugar, mas ela infelizmente mal consegue se mover.
Ela não pode desistir, então vai, tente e levante, você tem de varrer tudo isso pra fora, você vai estar melhor, eu sei que palavras não são o suficiente, mas você é melhor que isso.
Então não tenha medo, guarde seu coração, guarde ele pra alguém que realmente lhe valha a pena morrer, não se sinta mal por dizer uma ou duas vezes não, você precisa entender, não desperdice isso, não se deixe dilacerar por ninguém, não consigo entender porque você está sempre chorando, é sempre igual.
Ela todo dia faz as mesmas coisas, tenta mudar as páginas acreditando que isso vai mudar alguma coisa, como o seu humor, mas não, todo capítulo parece o mesmo, se repete dia após dia e ela se pergunta porque é tão difícil fazer isso.
E ela dá e eles pegam.
E você dá e eles pegam.
É amor que você quer, mas não é amor o que você faz.
Aprenda, salve o seu coração pra alguém que te deixe sem fôlego, que faça a sua vida mudar, que te faça perder o medo de morrer, que te faça esquecer que um dia você irá morrer, eu sei que você está assustada e eu consigo entender, isso faz parecer que alguém disse que tinha isso em você e todo esse tempo você disse que sabia que isso era o errado, mas ainda vale a pena morrer por alguém.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.
I might be wrong.

E porque não acreditar ?

Há muito tempo atrás Thom Yorke me disse que o amor verdadeiro esperava, eu entendia de um tudo ali, que o amor quando era sincero precisava ser paciente, precisava estar presente em todos os dias da minha vida, mesmo que eu simplesmente perdesse a vontade de cultivar essa semente dentro de mim e perdesse até a vontade de ve-la crescer, eu precisava de auxílio megalomaníaco, forças intergalácticas, eu precisava acreditar todos os dias no bom e velho ' true love waits ' e fazer disso um motivo pra nunca, nunca desistir. E eu fiz disso um mantra, fiz, e fiz. Mas acontece que de repente a coisa se perdeu, o trem descarrilhou, não é medo, não é desejo, não é atração, muito menos aversão, é ignorância, é deixar de entender, é deixar de me entender, é enlouquecer aos poucos e enlouquecer cada vez mais mesmo sem querer, mesmo sem te ver pedir, mesmo que isso não faça sentido algum. Desde o dia que eu te vi pela primeira vez uma coisa forte, maior aconteceu e então eu não conseguia mais beber, comer, me vestir ou sorrir sem pensar em você, sem lembrar de você, e os filmes me faziam querer te abraçar, e as músicas me faziam dançar sozinha por saber que agora elas faziam sentido porque eu tinha encontrado você, e todos os livros de romance que eu li, eu não me imaginava mais dentro deles, porque agora eu tinha a minha história, o meu par romântico o meu príncipe... E sem perceber eu acabei me tornando dependente de você, escrava dessa loucura que é viver pra você, eu me pegava acordando mais cedo pra tomar um banho, ficar mais cheirosa, pra fazer o cabelo, depilar as pernas, escovar os dentes e me maquiar pra ir te abraçar, pra ir te ver sorrir, porque era isso o que você fazia quando me via, eu sentia seu corpo contrair, sua respiração pesar, seus olhos brilhando de um jeito que me fazia ter vontade de fazer tudo de novo e de novo pra viver aqueles dez ou mais segundos mágicos. Eu me via dependente de você, eu fiz da minha vida você, e de repente minhas sextas feiras eram o motivo de uma semana feliz porque no final de semana eu ia te ver, ia matar toda a saudade que crescia feito louca durante a semana, porque eu ia te abraçar, te beijar, dormir no teu peito, sentir o teu cheiro e fechar os olhos agradecendo a Deus por ter você comigo mais um dia. As coisas ficaram acomodadas. As coisas sempre ficam não é ? Não é uma coisa que esteja no meu ou no teu controle, nós simplesmente vivemos isso. Quando eu dei por mim eu tava ali, jogada na cama agonizando por ficar três dias sem te ver, agonizando por saber que esses três dias queriam dizer ao certo 14 dias e isso pra mim era uma vida, era mais que uma vida. No início sentir a sua falta era uma tarefa melancólica, eu me prostrava a fazer do meu final de semana o pior o possível,  música melancólica, filme melancólico, chocolate, copos e mais copos de vodca durante a madrugada enquanto eu via você ali ser feliz na internet sem mim, e mais um ou dois, três copos até começar a chorar por não entender como era possível você não sentir a minha falta enquanto eu tava ali brincando de me matar por não aguentar ficar sem você. Isso me magoava. Sentir a sua falta me dilacerava e toda a vez que eu pensava em você eu não conseguia sentir nada de bom, era só um medo, uma insegurança, era me sentir sozinha, era me ver abandonada, era saber que a minha existência não te fazia pegar no telefone pra me dizer um ' oi, tô com saudade ', foram dias alucinantes, foram manhãs terríveis onde eu só conseguia fechar os olhos e te ver pra sempre de mãos dadas sorrindo com alguém que não, não era eu. Eu não sei se doía ficar longe antes disso ou se passou a ser tortura só depois, a verdade é que não se comparava nem com dor nenhuma que eu pudesse sentir, me disseram : é dor de coração, e até hoje eu não entendi porque doía tudo e mais o coração. Essa ideia equivocada de posse me fez sofrer muito. Eu achava que só porque eu era sua você era meu. Que boba eu fui. Que boba eu sou. Sempre esperei coisas de você que nunca aconteceram, sempre aquelas super ultra expectativas que não vem ao caso. O caso é que o tempo passou. E ficar longe de você hoje pra mim é a realidade, essa virou a minha realidade e eu não sei porque mas eu me acostumei sabe ? Agora eu não sinto mais vontade de morrer por estar longe de você, eu me acostumei a tua ausência e te ter por perto de novo, depois de tanto tempo me causou um estrago que eu quase estraguei tudo uma ou duas vezes porque eu desaprendi, a verdade é que eu desaprendi a estar com você, esqueci como é o convívio, esqueci quem nós somos como casal, não sei mais lidar com o que era como o ar pra mim. Eu me acostumei a não te ter, e não sei lidar mais com você. Eu passo o tempo inteiro tentando só lembrar o que eu fazia, como eu era, se nós éramos assim, se nós somos assim, e eu não sei, eu só não sei. Eu sinto uma culpa, um medo que não faz sentido, eu precisei aprender a ficar sem você, entende ? Era isso ou enlouquecer e eu já enlouqueci demais por você, eu não consigo mais, eu aprendi a entender que eu não sou a sua vida e eu não tenho porque fazer da sua minha, nós somos dois, vamos ser sempre dois e isso não vai mudar, você precisa tanto do seu espaço, da sua privacidade como eu preciso da minha vida, eu entendo de verdade, de coração. Aprender a viver sem você, a não sentir mais a tua falta não quer dizer que o meu coração tenha mudado, eu ainda amo você, eu só aprendi a viver a vida, e não viver só você. Eu tinha de fazer isso. Depois de tanto medo, dessa coisa toda de ter uma coisa nossa pra sempre, um pedacinho de carne que pudesse me ligar a você pra sempre, que me fizesse relembrar as minhas escolhas boas ou ruins pro resto da minha vida, depois de ter o alívio de saber que eu tô aqui e eu tô aqui sozinha, não tem ninguém dentro de mim criando um laço inquebrável que eu nunca vou saber se nós dois juntos seríamos fortes o bastante pra aguentar, pra manter a coisa viva, unida, em movimento. Eu não tô reclamando. Eu tô feliz, por mais fúnebre que isso seja, é bom saber que eu não preciso ser forte, que eu não vou precisar ser responsável, é bom saber que o destino ainda está na minha mão, e na sua também, que a nós não vamos precisar ser forçados a amadurecer, pra criar alguém, que eu posso viver na minha bagunça, e você pode continuar se sujando todo enquanto come, e isso não vai mudar a vida de ninguém. Eu me sinto abençoada de saber que existe tempo.
Eu não desisti. True love waits. E eu estou aqui e sempre vou estar, sorrindo pra você, e nós dois vamos ser o que nós tivermos de ser, eu não vou perder a cabeça esperando que a nossa história seja enquanto ela ainda está sendo.

And true love waits
In haunted attics
And true love lives
On lollipops and crisps
And If I die right now ?
Uma boa noite de sono faz milagres. Muda tudo.
É minha hora. de dormir.
Que merda de poder é esse que você tem de me dizer meia dúzia de palavras que faz o meu almoço revirar no meu estômago e querer criar vida própria fora de mim ?
 

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