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Tisbury lane.

Perdoa a minha hesitação, aprendi a falar de amor, faz pouco tempo, no total, faz alguns dias, desde que os dias perderam aquela magnitude. Na verdade falar, falar eu não sei, nunca soube, se eu soubesse, Ah se eu soubesse, eu te teria nos meus braços agora, e te contaria a mais linda estória que alguém puder sequer imaginar. Eu aprendi a falar de amor, mas fala no sentido figurado, eu sei escrever, é escrever. Sei martirizar cinco minutos em completas e sofridas cinquenta e nove linhas. Sei chorar por você calada, sei arrancar você do peito com as próprias mãos, sei escrever como é viver sem você. Eu sabia falar de amor, acho que em algum momento da minha vida eu soube, eu perdi uma partida, cai do cavalo, levantei correndo, meio zonza de enxergar tudo tão verde assim, me vi no filme mais podre do tarantino, eu suplicava a noite um beijo, eu chorava, eu gritava, eu te dizia te amo de coração aberto, e você ouvia aquilo como se fosse a coisa mais banal do mundo. Me desculpa. Ai me desculpa, me desculpa ai, se eu te amei tanto que o eu tornei hábito dizer ' te amo minha vida ', desculpa se eu achava necessário te fazer saber que o que eu sentia por você meu peito não suportava mais calar.
Se eu pudesse te fazer entender.
Que eu te amei porque é fácil. Porque difícil é não olhar nos teus olhos e querer dormir todo dia sentindo seu cheiro, enlouquecendo aos poucos, porque é difícil te ver sorrindo e não sorrir junto, por apenas achar que aquilo ali, é a coisa mais linda do mundo, o modo como seus músculos contraem e você de repente parece uma criança feliz demais, com olhos apertadinhos, nariz arrebitado e um sorriso de dentes perfeitos. Eu te amei porque é fácil demais, porque você é muito mas muito convidativa do que a Bella pode ser pro Edward, não que eu sentisse seu sangue pulsar na sua jugular, e enlouquecesse só de pensar em tirar cada mililitro de sangue de você, não, mas era uma vontade absoluta, de sentir seu cheiro e cravar gentilmente os lábios no teu pescoço, até te fazer soltar aqueles ' oh ' tão tímidos, que em segundos te faziam virar fera.
Eu te amei porque é fácil.
E eu deixei de te amar, porque isso é que é o desafio.
Foi amor ao primeiro toque.
Todas essas malditas borboletas, que eu já ouvi tanto falar, durante tanto tempo, resolveram me fazer uma visita, quando meio que sem querer, meio tímido, meio sem graça, sua mão esbarrou na minha, uma, duas, vinte e três vezes.
She's got every shit I need.
Every little piece of me.
Every little piece of me.
Se fosse um pouco mais fácil, eu aproveitaria a solidão pra desistir desse martírio.
Ela era só uma criança disfarçada de pedaço de mulher, que se vangloriava por comandar o universo, e cobria os lábios com um batom opaco de cor forte, uma camada pesada de rímel preto.
Eram só dezoito anos e alguns meses tortos, era só o impulso, ou o pulso do coração acelerado, que lhe fazia ver todas as cores brilhando naqueles olhos enquanto de lá surgia um sorriso, e puta merda que sorriso, era aquele sorriso que fazia as pernas amolecerem, o coração congelar, a garganta esquentar e a mente desejar corpos nus mais uma vez naquela sala de estar, exatamente bem estar. Era uma vontade descontrolada, de levantar as mãos, passar apressadamente pelos cabelos e gritar em silêncio algo tímido e sincero, quanto um eu te amo, no meio da noite, sozinha no universo, de um canto de sala habitado por mais dois ou três, quiçá vinte humanóides. Era a vontade de sorrir e passar as mãos pelos peitos na tentativa idiota de acalmar o coração, já que os olhos não paravam de brilhar ao ver aquele maldito sorriso que lhe fazia transbordar músicas cafonas e arrepios por toda a extensão do corpo. Era mais que vontade, era sentir que cantar agora ' this moment is you ' fazia sentido, mesmo com mais trezentas pessoas naquela sala, ela só conseguia ver uma, podia enxergar todas, mas ver ? Ver era translucidez percorrendo olhos, e refletindo um puro nada com gosto de felicidade, e felicidade pra ela era nada mais nada menos do que egoísmo, ver só acontecia quando era com ela, quando era pra ela, quando era ela e ela.
Uhum...Baby.
É como se o vício já tivesse ultrapassado dos limites normais, até pra um viciado. É mais do que simplesmente te dar o nome de ritalina e sentir as pontas dos meus dedos arroxearem, e minhas palpebras pesarem, até começar a te sentir tocar meu corpo e adormecer.
E hoje estou aqui só pra te cobrar.
Faz um tempo, tanto tempo que pouco tempo é até tempo demais, pra quem perdeu tanto tempo achando que muito tempo era pouco tempo pra quem agora tinha você e controlava o tempo.
Eu me sinto sozinha, só de saber que aos poucos você conseguiu tirar de mim, toda memória boa e deliciosa que insistia em correr nas minhas veias.
Eu me sinto sozinha, só por descobrir que eu não te tenho mais dentro de mim.
Isso deveria ser uma coisa boa, mas a frustração acaba tornando o medo real, e aos poucos a bondade perde lugar pro nada. Nada cômodo.
E o meu céu não tem mais estrelas.

Acho que não cresci.

Quando se é criança, o que é ensinado é que o amor não tem idade, não tem cor, nem sexo, é praticamente um ' vá viver livre na natureza, e ame sem saber a quem woohoo, be hippie '. Quando se cresce mais alguns anos você descobre que ser criança era bem mais revelador, profundo e até verdadeiro, era uma viagem fantástica, psíquica e honesta. Como assim você tem que gostar do menino bonito que faz a classe inteira suspirar ? Que coisa mais clichê, acho bom nunca perguntarem a minha opinião.
Ah, me desculpa aí vida, acontece que eu quero gostar da menina estranha que lê Nietzsche na hora do intervalo, e sabe ler constelações, tatuou amor no cóx com catorze anos e já foi duas vezes visitar a avó em Amsterdam, muito mais interessante do que o menino bonito que mal sabe falar Nietzsche. Quero ser diferente, quero viver como criança de novo, quero a cada ano que completar regredir três e não pensar em suicídio toda vez que eu me apaixonar ao contrário, ao contrário do mundo, que é todo um errado. Quem disse que eu que tenho que ser a bosta errada ?
Quero conhecer almas, entender almas, falar de almas, pra almas sentir as almas, quero viver cada segundo como se cada segundo fosse o realmente importante e não o que eu vou contar pras pessoas quando estiver no meu leito de morte.
Quero rir da minha morte, rir na cara da morte, se for pra me buscar, que venha de rápido, sem avisar, sem nem mandar lembretes, avisos, eu lá tenho tempo pra viver chorando pelos cantos porque um dia a minha jornada vai acabar ?
As vezes tenho vontade de pedir desculpas a minha mãe, como se eu realmente estivesse fazendo alguma coisa errada, as vezes eu acho que eu só quero pedir desculpas, pra me sentir livre e poder cometer mais cinquenta pecados e treze delitos e viver inconsequente.
As vezes eu acho que o mundo pode ser tão cruel, quanto bonito e mesmo assim é na minha que eu penso quando acabo de dizer te amo pra alguém que ela nornalmente não aprovaria. Quer dizer, não é questão de opção, nem de escolha, eu nasci assim, eu sou assim, isso o que você vê sou eu, em algum momento da minha vida, quando alguém me contou aquela história de amar sem saber a quem, eu levei mais a sério do que anos depois quando ouvia dia após dia ' aquela sua amiga é ? '

Se eu fosse conhecer estrelas, seriam porque elas me fazem bem, e não porque elas tem as pontas arredondadas ou são completa e perfeitamente simétricas.

Pessoas deveriam gostar porque gostar é bonito.

Porque faz bem pra você, e você começa a de repente querer mudar o mundo pra melhor.
 

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