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Coming home


Eu finalmente superei.

Deixei de acreditar em finais felizes, em princesas de contos de fadas, no amor puro e infinito, em noite de núpcias, em duendes e até em flores.

Dói, dói muito, não vou ser a blasfêmia personificada e negar tudo o que mundo já tem como verdade intacta e idolatrada. Não, dói, só por doer, só doendo. Dói demais, simplesmente perceber que o mundo todo que você viveu não existe, nunca existiu, foi um fato programado e mal problematizado que nunca vingou, nunca vigorou, foi e está fadado a não ser nada demais. Finais felizes não acontecem, NUNCA. As pessoas morrem no final, e por mais que deem a PUTA sorte de um acidente catastrófico surgir nas suas vidas e levarem as duas almas de uma vez só ( to die by your side is such a heavenly way to die ), ainda sim, eles morreram, onde está o final feliz ? As princesas dos contos de fadas nem sempre usam vestido longo rosa claro e cheiram a lavanda ou alfazema. O mundo é outro, a história deveria ser outra. Princesas se amam, se casam, vivem felizes, princesas usam jeans desbotado, all star sujo, e polo mal passada, fedem a cigarro, bebem como homem e até trepam como homem. Nem toda princesa usa salto alto e coroa nos longos cabelos levemente ondulados, eles sempre esquecem das princesas afros. Algumas sim, mas não todas. Princesas vivem sem príncipes a acabam encontrando o amor em princesas que vivem em reinos distantes, que mal sabem como raios se prende na cabeça uma coroa de strass, diamante e muito brilho, princesas as vezes gostam dos plebeus, princesas as vezes gostam tanto de príncipes e de vários príncipes, de tantos príncipes que um só chega a ser pouco pra elas. O amor é infinito, não deixei de acreditar que isso seja uma verdade. Mas infinito não quer dizer que ele realmente vá durar pra sempre. Princesas e príncipes, ou príncipes e príncipes ou princesas e princesas vivem felizes, se amam, e um dia podem se separar, mesmo que as histórias não contem essa parte. E não são todos que conseguem manter a magestade. Oh não são. Alguns enlouquecem, perdem a beleza, a masgestade, se sentem magoados, confusos e traídos então começam a mostrar que nem tudo é realeza. Destroem aos poucos tudo de bom que um tinha do outro, ou no outro. Machucam, humilham, humilham e humilham. Numa manhã de sol eles prometem a vida um ao outro, dois dias depois de repente uma magestade já não pode mais prometer isso, porque isso é a vida, muda o tempo inteiro. Alguns amores são infinitos e eternos, amores que doem na pele, na carne, nos ossos na alma, já outros nós apenas substituimos com outras pessoas menos interessantes, mais vulgares ou simplesmente acessíveis. Noites de núpcias não acontecem mais, isso porque já é de praxe um tirar a pureza do outro até no primeiro encontro, coisas do mundo moderno. Hoje em dia fazer amor não existe mais, e nas poucas vezes onde isso acontece acaba rápido, mas tão rápido que você só consegue sentir saudade depois e soluçar silenciosamente em qualquer canto da casa, perambulando feito um não sei o que misturado com um não sei que lá, no melhor estilo zumbi, de verdade, você se vê caminhando, querendo alguma coisa, e olha pra si mesmo, e vê que falta algum pedaço.

Fazer amor não dói.

Pelo menos não devia doer.

E os pequenos e coloridos duendes. Calma você vai superar. Pra começar eles não são mais coloridos muito menos pequenos. E de repente trocaram a magia por maldade. Oh que mundo injusto até as boas criaturas deixaram de profanar a bondade e o amor, deixaram de colorir o mundo, pra espalhar o preto e branconismo, mal sincronizado, martirizado. As flores perderam o cheiro, perderam a cor, mal me servem hoje para um tosco mal me quer, bem me quer, já que eu sei que não final nem querer mais você me quer. Até já desisti de gastar as pequenas pétalas nada coloridas com essa maldita brincadeira.

Eu superei. Ah se superei, construi uma muralha saudável de livros, músicas e todo o tipo de material significativo ao meu redor. A arte é um desencontro saudável.

O mundo mudou, e o que dói é voltar pra casa sem você.

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