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Fucking Game

Era só um jogo.
Um jogo novo, de vídeo game, de algum console com letras e números misturados da qual eu nem vou me arriscar a tentar dizer seu nome.
Era um jogo legal, sem dificuldades.
Eu tava ali, quietinha com você, te dei a mão e a juntinhos e bem devagar no modo easy chegamos no nível 10. Nossa que vitória!
Mas alguma coisa aconteceu, sua internet caiu e quando eu dei por mim, tava ali sozinha, o jogo tinha travado o modo easy tinha desaparecido e eu só tinha o modo HARD pra jogar, mas eu tinha de jogar, eu tinha de fazer isso por mim, eu sabia que era capaz.
E plim.
Sozinha eu me vi no modo hard e subindo de nível, não uma ou duas vezes, mas eu consegui dia após dia subir todas aquelas escadas e chegar no nível 50, dei uma pequena tropeçada e rindo da minha falta de equilíbrio eu fechei meus olhos, quando abri me vi de pé, em braços fortes, saudáveis, limpos e que me diziam: ' Cê é uma graça, toda desajeitada ' Não lembro se era um paladino, mago, só sei que só de estar em sua companhia em dois meses, três eu consegui chegar no nível 80. E era divertido. Eu era linda, brilhante, eu ouvia eu te amo, e quando eu escutava isso era sério, eu sentia as minhas bochechas corarem, eu sentia o seu olhar sobre mim, e eu só conseguia suspirar. Eu era mais que bonita, eu me sentia bonita, eu me sentia saudável, nada de chorar nas noites de sábado, nada, nada de me sentir mal, nada de terminar a noite abraçando o vaso sanitário, na sua companhia, eu só sorria, com um suco de laranja na mão, era natural, era tão gostoso me sentir viva e forte.
E então num dia louco, caiu uma forte chuva, a rede caiu e quando voltou era você, você estava ali, de volta no jogo, me perguntando se eu queria voltar a ser seu player 2.
Eu tive medo de dizer não, tive medo de dizer sim, mal sabia pronunciar um talvez, a minha língua enrolava, e eu me prendia em olhar pro teto, respirar fundo.
E então depois de uns dias online, porque não voltar a ser o player 2?
Os dias foram bons, as risadas mais bacanas, eu tinha me esquecido do quão bom era ter a certeza da calmaria, eu tinha me esquecido de como era bom poder deitar no teu peito e só adormecer, sem me preocupar com duelos, batalhas, ou o horário da academia.
Foi assim por dias, tinha sido até agora, quando na rede mais uma vez eu me dei conta que talvez o nosso jogo não tenha sido seu único, e que isso doeu e foi mais cruel do que eu lembrava que podia ser. Então, por alguns minutos eu reli aquelas palavras, eu fechei meus olhos, eu chorei, chorei um pouco, bem quieta, bem baixinho pra não acordar ninguém. Senti o estômago embrulhar, a cabeça girar e num impulso fiquei de pé correndo em busca do banheiro mais próximo, sentada no chão gelado eu pude entender...
Talvez a gente não tenha nascido pra jogar o mesmo jogo.
Talvez você realmente tenha contado um bocado de mentiras, e eu boba, tenha acreditado.
Talvez eu seja melhor sem você.
Talvez se você não tivesse aparecido eu poderia estar no nível 100 no modo hard, já teria zerado esse jogo e perdido mais alguns quilos.
Talvez no nosso peito isso seja uma coisa boa e mesmo que a nossa cabeça diga que NÃO, a gente não tem força o bastante, o coração grita e a gente dorme dizendo sim.

Talvez eu não deva mais jogar... com você.

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